Suicídio: precisamos falar no assunto!

Setembro é o mês da conscientização sobre a prevenção do suicídio, em que o objetivo é alertar a população a respeito desta realidade e das formas de prevenção. A Campanha mundial denominada ‘Setembro Amarelo’, ocorre desde 2014 por meio de identificação de locais públicos e particulares com a cor amarela e ampla divulgação de informações. No Brasil, o último dado do Ministério da Saúde mostra que em 2014 foram mais de 10.600 casos no país. A psicóloga clínica e especialista em Terapia Cognitivo-Comportamental, Silvana Frassetto, acredita que a maioria dos casos de suicídio poderiam ter sido evitados com diagnóstico e tratamento corretos dos transtornos. A maioria das pessoas, dá pistas, mas muitas vezes os sinais são banalizados. Frases como: “a vida não vale mais a pena”; “melhor morrer” e “queria desaparecer” são sinais de alerta. Esse é um pedido de ajuda comum, pois geralmente o suicida tem uma ambivalência: ele quer morrer porque quer fugir dos problemas, mas também quer ajuda para se manter vivo.

Agente estressor

            Por trás do comportamento suicida há uma combinação de fatores biológicos, emocionais, socioculturais, filosóficos e até religiosos que, embaralhados, culminam numa manifestação exacerbada contra si mesmo. A origem do desejo de morte não está apenas nas coisas ruins que acontecem, (em Psicologia são chamamos de agentes estressores), como a morte de um ente querido, a perda do emprego ou uma discussão familiar. De acordo com Silvana, o que realmente provoca a depressão seria a avaliação do quanto a pessoa pode enfrentar isso tudo. “O limite da capacidade de enfrentamento, e a desesperança, é o que pode causar a depressão e o suicídio. Cada um tem seu limite, para uns o limite pode ser mais elástico do que para outro, por isso não seria justo dizer: Imagine ficar deprimido só porque aconteceu isso com ele, eu já passei por isso e não fiquei deprimido”.

O que posso fazer para ajudar?

Não entrar em pânico, pode ser importante falar com essa pessoa de forma tranquila. Faça essa pessoa saber que é importante e que há alguém que se preocupa com ela. Sugira buscar ajuda terapêutica. Muitas vezes o desejo declarado de suicídio pode se referir muito mais à necessidade de saber o quanto é amado pelas pessoas próximas. Muitas vezes o que impera pode ser a necessidade em se sentir querido: ‘Será que sentirão minha falta?’, muitas vezes se perguntam.

Bibliografia: Prevenção do Suicídio: Um manual para profissionais da saúde em atenção primária.

Link:http://apps.who.int/iris/bitstream/10665/67603/8/WHO_MNH_MBD_00.4_por.pdf

Portal Fiocruz: http://portal.fiocruz.br/pt-br/content/suicidio-brasil-e-8o-pais-das-americas-com-maior-indice

Fonte:

Dra. Silvana Frassetto (CRP 07/18986) – É Psicóloga Clínica com Doutorado em Bioquímica (ênfase em Neurociências) pela UFRGS. Possui especialização em Terapia Cognitivo-Comportamental e Terapia do Esquema (Modelo de Terapia Cognitiva com foco no tratamento de diversos transtornos de Personalidade), pela WP-Centro de Psicoterapia Cognitivo-Comportamental e Institute for Schema Therapy, em Nova Iorque. Atua como docente no Curso de Psicologia da ULBRA. Também é professora e supervisora clínica do Curso de Especialização em Psicoterapia Cognitivo-Comportamental do Instituto WP, da Wainer Psicologia Cognitiva e do Curso de Especialização em Neuropsicologia da PROJECTO. É professora do Curso de Especialização em Psiquiatria do Instituto Abuchaim e tutora do COGMED – método de treinamento desenvolvido por neurocientistas que trabalha a atenção e memória operacional.

by Silvana Frassetto