A Universidade Johns Hopkins constatou em estudo com duração de seis anos, que adultos que tiveram perda de audição são mais suscetíveis ao desenvolvimento de problemas de memória e das funções cognitivas. Os voluntários com perda de audição passaram por testes cognitivos e descobriram que tiveram diminuição da capacidade entre 30% e 40% em comparação com aqueles com a audição normal. Em média, adultos com perda de audição tiveram um prejuízo significativo em suas habilidades cognitivas 3,2 anos mais cedo que os demais.
Essa investigação foi publicada na Revista médica on-line JAMA e faz parte de um estudo sobre a saúde de idosos negros e brancos em Memphis e Pittsburgh, nos EUA, realizado com 1.984 homens e mulheres entre 75 e 84 anos. De acordo com o pesquisador Frank Lin, todos os participantes do estudo tinham as funções cognitivas normais em 2001, quando a pesquisa começou, e foram inicialmente testados para perda de audição, que os especialistas no assunto definem como reconhecível apenas em sons mais altos que 25 decibéis. “Os resultados mostram que a perda auditiva não deve ser considerada uma inevitável parte do envelhecimento, e pode vir com sérias consequências para o cérebro a longo prazo”, afirma o epidemiologista.
Método para melhoria da atenção
Para a psicóloga clínica Silvana Frassetto, com Doutorado em Bioquímica (ênfase em Neurociências) pela UFRGS, a reabilitação é fundamental nesses casos. Silvana atua no tratamento de pessoas com déficit cognitivo de atenção e memória, por meio de um programa de treinamento denominado COGMED. O método consiste em um programa de algumas semanas de treinamento online fundamentado em evidências. Ela explica que a memória operacional, ou de trabalho, tem a função de manter informações em mente, enquanto executamos tarefas, utilizando aprendizagens do passado para aplicar na situação atual ou criando estratégias de solução de problemas para o futuro”.
Silvana destaca que a plasticidade neuronal envolve a capacidade das células cerebrais (neurônios) de estabelecer novas conexões sinápticas. Com isso desenvolvem alterações estruturais a partir da experiência, como adaptação a mudanças ambientais. “Assim, uma determinada área do cérebro é capaz de assumir as funções de outras quando essas sofrem lesões”, destaca. Isso corrobora o conceito de Modificabilidade Cognitiva, que sustenta que a cognição do ser humano não é fixa e os processos mentais, afetivos e intelectuais, são modificáveis. Para a psicóloga, não importa a gravidade do quadro clínico, sempre há o que ser feito para o paciente em termos de reabilitação cognitiva. Silvana destaca que os ganhos advindos do trabalho de reabilitação são totalmente relacionados com os estímulos oferecidos pelo ambiente e pela motivação do paciente em engajar-se no processo reabilitador.
Fonte:
Dra. Silvana Frassetto (CRP 07/18986) – É Psicóloga Clínica com Doutorado em Bioquímica (ênfase em Neurociências) pela UFRGS. Possui especialização em Terapia Cognitivo-Comportamental e Terapia do Esquema (Modelo de Terapia Cognitiva com foco no tratamento de diversos transtornos de Personalidade), pela WP-Centro de Psicoterapia Cognitivo-Comportamental e Institute for Schema Therapy, em Nova Iorque. Atua como docente no Curso de Psicologia da ULBRA. Também é professora e supervisora clínica do Curso de Especialização em Psicoterapia Cognitivo-Comportamental do Instituto WP, da Wainer Psicologia Cognitiva e do Curso de Especialização em Neuropsicologia da PROJECTO. É professora do Curso de Especialização em Psiquiatria do Instituto Abuchaim e tutora do COGMED – método de treinamento desenvolvido por neurocientistas que trabalha a atenção e memória operacional.