Um exame de sangue pode ajudar os médicos na indicação do melhor tratamento contra depressão. O estudo foi publicado recentemente no periódico científico International Journal of Neuropsychopharmacology, sendo que a análise busca identificar o nível de inflamação nos pacientes e quais responderiam melhor ao tratamento de primeira linha e quais precisam de medicamentos mais potentes. Pesquisas recentes mostraram uma associação entre altos níveis de inflamação em pacientes com depressão e baixo sucesso nas taxas do tratamento de primeira linha, feito com inibidores seletivos da recaptação de serotonina (ISRS). “Se for mesmo eficaz, o exame pode reduzir esse tempo de resposta das pessoas ao indicar um medicamento que provavelmente será mais efetivo”, destaca a psicóloga clínica, Dra. Silvana Frassetto, especialista em Psicoterapia Cognitivo-Comportamental e doutora em Bioquímica (ênfase em Neurociências) pela UFRGS
Hoje, o médico prescreve um medicamento que deve ser tomado por até doze semanas e, enquanto isso, monitora a melhora do paciente. Se há pouca ou nenhuma resposta, o medicamento é trocado ou então associado a outro, até que se encontre uma terapia efetiva. Portanto, identificar precocemente o nível de inflamação do paciente pode já indicar se ele precisará iniciar o tratamento com medicamentos mais fortes.
Para analisar a efetividade do exame, os pesquisadores realizaram o teste. Buscou-se no sangue de 140 participantes com depressão os níveis dos marcadores biológicos MIF e (IL)-1 β. Os resultados mostraram que um terço (33%) dos pacientes tinha altos níveis desses marcadores e, portanto, alto nível de inflamação. Os mesmos pacientes não responderam à primeira linha de medicamentos prescrita.
O teste mostrou também que os participantes com menores níveis de inflamação foram os que melhor responderam ao tratamento-padrão, o que ressalta a tese dos pesquisadores. A investigação determinou com 100% de precisão quais pacientes não respondem a esses medicamentos de primeira linha. Esse um terço precisa de uma intervenção mais complexa
A associação entre inflamação e gravidade da depressão já é conhecida há algum tempo. Acredita-se que a inflamação afete os mecanismos alvo dos antidepressivos, interferindo no sucesso desses medicamentos e aumentando a produção de compostos tóxicos no cérebro que, por sua vez, podem piorar os sintomas depressivos. Portanto, encontrar maneiras de testar os pacientes para essa inflamação é uma forma de melhorar a indicação de tratamento para eles.
Apesar dos resultados, os autores ressaltam que, antes de tornar esse exame padrão, é preciso realizar mais pesquisas em uma amostra maior de pacientes.
Bibliografia: Absolute Measurements of Macrophage Migration Inhibitory Factor and Interleukin-1-β mRNA Levels Accurately Predict Treatment Response in Depressed Patients.
Annamaria Cattaneo PhD, Clarissa Ferrari PhD, Rudolf Uher MD, Luisella Bocchio-Chiavetto PhD, Marco Andrea Riva PhD, Carmine M.Pariante MD, FRCPsych, PhD.
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Dra. Silvana Frassetto (CRP 07/18986) – É Psicóloga Clínica com Doutorado em Bioquímica (ênfase em Neurociências) pela UFRGS. Possui especialização em Terapia Cognitivo-Comportamental e Terapia do Esquema (Modelo de Terapia Cognitiva com foco no tratamento de diversos transtornos de Personalidade), pela WP-Centro de Psicoterapia Cognitivo-Comportamental e Institute for Schema Therapy, em Nova Iorque. Atua como docente no Curso de Psicologia da ULBRA. Também é professora e supervisora clínica do Curso de Especialização em Psicoterapia Cognitivo-Comportamental do Instituto WP, da Wainer Psicologia Cognitiva e do Curso de Especialização em Neuropsicologia da PROJECTO. É professora do Curso de Especialização em Psiquiatria do Instituto Abuchaim e tutora do COGMED – método de treinamento desenvolvido por neurocientistas que trabalha a atenção e memória operacional.