“Ginástica” mental previne doenças neurológicas

As doenças psiquiátricas e neurológicas, entre as quais estão a depressão e a demência de Alzheimer – que levam à perda de funções cognitivas -, atingem cerca de 700 milhões de pessoas no mundo, conforme dados da Organização Mundial da Saúde. No Brasil, estima-se que cerca de 1,2 milhão de pessoas, principalmente idosas, sofram dessas doenças. Além dessas patologias, o Transtorno de Déficit de Atenção, que atinge de 3% a 5% das crianças no mundo, acompanha o indivíduo por toda a vida. A psicóloga clínica, que também é doutora em Bioquímica com ênfase em Neurociências pela UFRGS, Silvana Frassetto, utiliza em seu consultório uma ferramenta que treina a memória operacional de pacientes que apresentam diversos tipos de patologias ligadas à cognição.

Ela explica que a memória operacional ou memória de trabalho é responsável por manter e organizar as informações, sejam elas recentes ou armazenadas há algum tempo, e permite que essas informações sejam utilizadas durante o raciocínio. “Por estar relacionada à capacidade de concentração e foco, ela é essencial para o aprendizado e também para outras habilidades como os estudos, o trabalho e demais atividades cotidianas”, diz.

A realização periódica de atividades cognitivas garante o bom funcionamento do cérebro. “Um cérebro bem exercitado e funcional é fundamental para a manutenção da qualidade de vida, da memória e da organização. Circuitos cerebrais podem ser desenvolvidos com a estimulação sistemática e constante. No cérebro, o que é usado se desenvolve, o que não é usado, atrofia”. A especialista destaca que as atividades que exercitam o raciocínio lógico, desafiam a cognição e estimulam o pensamento sistemático – conhecidas como ginástica para o cérebro – têm se tornado cada vez mais populares.

Como exercitar o cérebro?

Ações inusitadas como colocar o relógio no pulso contrário, escrever com a outra mão ou vestir-se de olhos fechados são atividades que demandam a ativação de outras áreas da mente. A sistematização dessas atividades chama-se neuróbica. Ao fazer isso, circuitos quase nunca ativados da rede associativa do cérebro são utilizados, aumentando a flexibilidade mental.

– Há muito tempo se tem conhecimento de que alimentação sadia, sono regular, exercício físico e uso cognitivo (estímulo pela música, leitura ou matemática, por exemplo) são pilares para manter o cérebro ativo. O destaque é que, para cuidar bem do cérebro não basta mantê-lo ativo: é preciso desafiá-lo de modo rotineiro.

– Um erro clássico é que muitas pessoas não dormem direito, não comem bem, não fazem atividade física e ainda por cima “aposentam” o cérebro. Aí a pessoa vai ver o filme e estranha não lembrar o nome do ator.

– Para tornar a massa cinzenta no cérebro mais eficiente, a tecnologia ajuda, mas não substitui o estudo, o uso de objetos concretos e as relações presenciais. Isso porque as dinâmicas e interações são bons estímulos para as sinapses que são as conexões entre os neurônios na arquitetura cerebral.

Fonte: Dra. Silvana Frassetto (www.silvanafrasseto.com.br)

 

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