Tratamento do Zumbido com a Terapia Cognitivo-Comportamental

O zumbido caracteriza-se pela presença de um ou mais sons nos ouvidos ou na cabeça em ausência de estímulo sonoro externo correspon­dente. É um transtorno que produz extremo descon­forto. Os sintomas mais comuns que estão associados ao zumbido são falta de concentração, insônia, diminuição da discriminação de fala, ansie­dade, depressão e até ideação suicida.

Com o zumbido, o modo pelo qual o som é percebido pode ser alterado pela ansiedade e outros sintomas, aguçando ainda mais a sensibi­lidade para detectar sons que podem parecer uma ameaça em potencial. Sendo assim, a identificação da ansiedade e de desordens depressivas em pacientes com zumbido é importante sob o ponto de vista psicoterapêu­tico, uma vez que até o momento não se tem nenhum medicamento totalmente eficaz, que atue na eliminação do zumbido.

Na terapia cognitivo-comportamental, com 8 a 24 sessões, enfoca-se como se pensa sobre o zumbido e na prevenção de pensa­mentos negativos, além de utilizar a abordagem de dessensibilização sistemática que também é aplicada a muitos medos e fobias. Além disso, utiliza-se abordagens com relaxamento como a meditação e “Mindfulness” que funcionam muito bem para a ansiedade, diminuindo muito o zumbido. São estratégias que melhoram muito a qualidade de vida do paciente.

No entanto, muitas vezes, não é fácil identi­ficar se o zumbido foi precursor da ansiedade ou se ocorreu o contrário. Para tanto, faz-se neces­sária a investigação de questões psicológicas e emocionais em pacientes que apresentam queixa.

Na terapia cognitivo-comportamental tem-se um protocolo de atendimento de pessoas com zumbido, que pode ser adaptado para as necessidades individuais de cada paciente. As abordagens de tratamento mais utilizadas, entre outras, são:

1) identificação e modificação de padrões de pensamentos e crenças do paciente que contribuem para as reações emocionais negativas que aumentam a  intensidade do zumbido;

2) identificação e modificação de comportamentos ou modos de funcionamento do paciente que contribuem para a sensibilização ao zumbido;

3) técnicas de relaxamento, meditação e “mindfulness” que aumentam a tolerância ao estresse emocional, diminuindo a ansiedade e melhorando o humor;

4) identificação e tratamento de questões da história de vida ou familiar do paciente que podem contribuir para aumentar a intensidade e o sofrimento relacionado ao zumbido.

Assim, as pesquisas tem demonstrado que a terapia cognitivo-comportamental é efetiva para a modificação das respostas emocionais e comportamentais negativas que contribuem para aumentar a intensidade do zumbido, ajudando os pacientes a voltarem a ter uma qualidade de vida melhor.

 

Bibliografia:

 Revista Tinnitus Today. Cognitive Behavioral Therapy: A Proven Tool for Managing Tinnitus. Drª. Lynne Gots. Psicóloga Clínica com experiência em Psicoterapia Cognitivo-Comportamental (Department of Psychiatry and Behavioral Sciences at the George Washington University School of Medicine). Páginas 10-11.

Link: http://www.ata.org/sites/default/files/TT_Summer2017_FINAL.pdf

 

Fonte:

 Dra. Silvana Frassetto (CRP 07/18986) – É Psicóloga Clínica, e possui especialização em Psicoterapia Cognitivo-Comportamental e Terapia do Esquema (Modelo de Terapia Cognitiva com foco no tratamento de diversos transtornos), pela Wainer Psicologia Cognitiva – Porto Alegre (RS) e Institute for Schema Therapy, em Nova Iorque. É Doutora em Bioquímica (ênfase em Neurociências) pela UFRGS. Atua como docente no Curso de Psicologia da ULBRA, e outras instituições no RS e outros Estados.

Currículo Lattes:

http://buscatextual.cnpq.br/buscatextual/visualizacv.do?id=K4784763P8

 

by Silvana Frassetto